terça-feira, 8 de novembro de 2011

PARNASIANISMO


 O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França, na metade do século XIX e se desenvolveu na literatura européia, chegando ao Brasil. Esta escola literária foi uma oposição ao romantismo, pois representou a valorização da ciência e do positivismo.

O parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético, que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte". Teve como sua primeira obra Fanfarras(1882), de Teófilo Dias. Parnasse (em português, parnaso e daí parnasianismo): origina-se de Parnassus, região montanhosa da Grécia. Segundo a lenda, ali moravam os poetas.Alguns críticos chegaram a considerar o parnasianismo uma espécie de realismo na poesia. Tal aproximação é suspeita as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da ‘síntese burguesa’, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na "torre de marfim", onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas.O nome parnasianismo surgiu na França e deriva do termo "Parnaso", que na mitologia grega era o monte do deus Apolo e das musas da poesia. Na França, os poetas parnasianos que mais se destacaram foram: Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Theodore de Banville e José Maria de Heredia.


Alberto de Oliveira – Aspiração

Ser palmeira! existir num píncaro azulado,
Vendo as nuvens mais perto e as estrelas em bando; 
Dar ao sopro do mar o seio perfumado,
Ora os leques abrindo, ora os leques fechando;

Só de meu cimo, só de meu trono, os rumores
Do dia ouvir, nascendo o primeiro arrebol,
E no azul dialogar com o espírito das flores,
Que invisível ascende e vai falar ao sol;

Sentir romper do vale e a meus pés, rumorosa,
Dilatar-se a cantar a alma sonora e quente
Das árvores, que em flor abre a manhã cheirosa,
Dos rios, onde luz todo o esplendor do Oriente;

E juntando a essa voz o glorioso murmúrio
De minha fronde e abrindo ao largo espaço os véus 
Ir com ela através do horizonte purpúreo 
E penetrar nos céus;

Ser palmeira, depois de homem ter sido esta alma
Que vibra em mim, sentir que novamente vibra,
E eu a espalmo a tremer nas folhas, palma a palma,
E a distendo, a subir num caule, fibra a fibra:

E à noite, enquanto o luar sobre os meus leques
treme, E estranho sentimento, ou pena ou mágoa ou dó, 
Tudo tem e, na sombra, ora ou soluça ou geme, 
E a distendo, a subir num caule, fibra a fibra;

Que bom dizer então bem alto ao firmamento
O que outrora jamais — homem — dizer não pude,
Da menor sensação ao máximo tormento
Quanto passa através minha existência rude!

E, esfolhando-me ao vento, indômita e selvagem,
Quando aos arrancos vem bufando o temporal,
— Poeta — bramir então à noturna bafagem,
Meu canto triunfal!

E isto que aqui digo então dizer: — que te amo,
Mãe natureza! mas de modo tal que o entendas,
Como entendes a voz do pássaro no ramo
E o eco que têm no oceano as borrascas tremendas;

E pedir que, o uno sol, a cuja luz referves,
Ou no verme do chão ou na flor que sorri,
Mais tarde, em qualquer tempo, a minh’alma conserves,
Para que eternamente eu me lembre de ti!






A vingança da porta

Alberto de Oliveira


Era um hábito antigo que ele tinha:
entrar dando com a porta nos batentes
— "Que te fez esta porta?" a mulher vinha
e interrogava... Ele, cerrando os dentes:

— "Nada! Traze o jantar." — Mas à noitinha
calmava-se; feliz, os inocentes
olhos revê da filha e a cabecinha
lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.

Uma vez, ao tornar à casa, quando
erguia a aldrava, o coração lhe fala
— "Entra mais devagar..." Pára, hesitando...

Nisso nos gonzos range a velha porta,
ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida e a filha morta.


Alberto de Oliveira (1857-1937) publicou seu primeiro livro de poesia, "Canções Românticas", em 1878. Na época, trabalhava como colaborador do Diário, com verso e prosa, sob o pseudônimo Atta Troll. Em 1883 conheceu Olavo Bilac e Raimundo Correia, com os quais formaria a tríade do Parnasianismo brasileiro. Formou-se em Farmácia, no Rio, em 1884. Iniciou o curso de Medicina, mas não chegou a conclui-lo. Na época, publicou "Meridionais" (1884), e em seguida "Sonetos e Poemas" (1886) e "Versos e Rimas" (1895). Foi inspetor e diretor da Instrução Pública Estadual e Professor de Português e História Literária no Colégio Pio-Americano. Em 1897 tornou-se membro-fundador da Academia Brasileira de Letras. Publicou "Lira Acaciana" (1900), "Poesias" (1905), "Ramo de Árvore" (1922), entre outras obras poéticas. Foi eleito "Príncipe dos Poetas Brasileiros", em 1924, por concurso da revista Fon-Fon. Em 1978 foram publicadas suas "Poesias Completas". Alberto de Oliveira é um dos maiores nomes da poesia parnasiana no Brasil.


A vingança da porta

Furnandes Albaralhão


Era um custume vesta que ele tinha
intrar vatendo a porta: — "Antão Manéle!
lhe dizia a mulhére, que papéle!
não me faças romôre! Olha a bizinha!"

E todo dia era essa ladainha!
Sujaito deshumano, pai cruéle,
dizia-lhe: — Si tains amôre à pele
daixa-me sussigado, ó mulherzinha!"

Uma noite em que bâiu desse jaito,
a pinitrar cum falta de ruspaito
na casa em que amvos eles dois residem,

avrindo a porta a punta-pés, zangado,
biu pulo chão, uma de cada lado,
a mulhére inguiçada e a filha idem!


Furnandes Albaralhão (Horácio Campos), excelente poeta e fino humorista, escreveu poemas "lusitânus" e compôs deliciosas paródias de poesias de autores nacionais e estrangeiros. Colaborou com o Barão de Itararé no periódico humorístico "A Manha" e lançou um único livro: "Caldo Berde". O texto acima foi extraído do livro "Humor e Humorismo - Paródias", Editora Brasiliense - São Paulo, 1961, pág. 311, antologia organizada por Idel Beker, onde o autor faz uma paródia da poesia de Alberto de Oliveira.

CONTEMPO RANIDADE:


"Erotismo"






"Musica com Tendência descritivista"







"Garota de Ipanema"

Olha

Que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar

Moça do corpo dourado

Do sol de Ipanema
O seu balançado
É mais que um poema
É a coisa mais linda
Que eu já vi passar

Ah

Porque tudo é tão triste
Ah
Porque estou tão sozinho
Ah
A beleza que existe
A beleza
Que não é só minha
E também passa sozinha

Ah, se ela soubesse

Que quando ela passa
O mundo inteirinho
Se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor





Características do Parnasianismo:

  • Formas poéticas tradicionais
  • Purismo e preciosismo vocabular
  • Objetividade
  • Tendência descritivista
  • Erotismo
  • Mitologia grego-latina
  • Esteticismo
  • Rigor técnico






Nenhum comentário:

Postar um comentário